A influência dos métodos de disposição de rejeitos na segurança das barragens

Fotografia que exemplifica o método de espigotamento de rejeitos

As Pilhas de Disposição de Rejeitos não deverão substituir integralmente as Barragens de Rejeitos, que ainda continuarão a existir por muito tempo

Os rejeitos de mineração são compostos pelos materiais não aproveitados após o processo de beneficiamento mineral, por não possuírem valor econômico. Como não podem ser descartados de qualquer jeito no meio ambiente, normalmente são depositados em estruturas geotécnicas, como Barragens de Rejeitos, quando se encontram em forma de polpa ou lama, ou Pilhas de Disposição de Rejeitos (PDR’s), quando se encontram em forma de pasta após passarem por um processo de deságue e/ou filtragem.

No caso das PDR’s, como o material passa por uma redução significativa de teores de umidade, a pasta pode ser simplesmente ser compactada em camadas e empilhada. Apesar de se tratar de uma técnica moderna e segura, o deságue e/ou a filtragem dos rejeitos demandam a utilização de equipamentos caros e complexos, o que faz com que o custo operacional se torne bastante elevado e inviável para algumas operações. Além disso, existem algumas limitações técnicas para alguns tipos de rejeitos, que impedem o método de ser aplicado a 100% dos casos.

Fotografia aérea que exemplifica a PDR (Pilha de Rejeitos)
Foto 1: Exemplo de PDR
Foto Reprodução: https://kuchling.com

Por isso as Barragens de Rejeito continuam e continuarão sendo uma alternativa bastante utilizada para a disposição de rejeitos. Porém, devido à maior fluidez da lama e da polpa, existem diversos métodos de disposição de rejeito em barragens, que serão listados e avaliados a seguir.

Método Pontual

Fotografia de um método pontual de disposição de rejeito
Foto 2: Exemplo do Método Pontual de Disposição

É o método mais simples e barato, pois a descarga é feita por um canal ou uma tubulação em um único ponto.

Porém, a praia de rejeitos se forma de maneira desordenada, podendo gerar inconvenientes, como:

  • “Dead pools”, que são pontos isolados onde a água pode se acumular, não necessariamente perto das estações de bombeamento, o que impede sua utilização. Além disso, esses pontos poderiam ser utilizados para o armazenamento de rejeitos;
  • A depender da localização do ponto de lançamento, parte da água pode se acumular em contato com o maciço da barragem, fazendo com que a freática se eleve, causando a elevação das poropressões na estrutura, o que não é desejável por aumentar as forças de percolação, aumentando o risco de surgências no talude de jusante e, em sitiações mais extremas, a formação de “piping”.

Método Subaéreo

Fotografia que exemplifica o Método Subaéreo de Disposição de rejeitos
Foto 3: Exemplo do Método Subaéreo de Disposição

Este método é utilizado em barragens com múltiplos pontos de descarga ao longo da área do reservatório. Ocorre formação de uma praia e vários riachos de descarga que permitem a segregação e adensamento dos rejeitos. Também permite que rejeitos recém depositados sejam drenados e consolidados.

Porém, possui o inconveniente de requerer a movimentação dos pontos de lançamento no interior do reservatório, o que é uma operação relativamente complexa.

Método Subaquático

Fotografia que exemplifica o Método Subaquático de Disposição de rejeitos
Foto 4: Exemplo do Método Subaquático de Disposição

Trata-se de um método de disposição bastante específico, adequado para rejeitos que contém sulfetos que podem oxidar em contato com o ar, mobilizando metais e formando drenagem ácida.

Espigotamento

Fotografia que exemplifica o Espigotamento de rejeitos
Foto 4: Exemplo de Espigotamento de Rejeitos

É um método bastante complexo e oneroso, pois demanda a utilização de tubulações e válvulas ao longo da crista da barragem e, em alguns casos, das margens do reservatório.

Porém, isso permite que os rejeitos sejam dispostos ao longo do perímetro da barragem, formando praias entre o maciço e os pontos de acumulação de água, afastando-a do contato com a barragem e rebaixando a freática.

Também permite que sejam elaborados planos mais precisos de disposição de rejeitos, evitando a formação dos “dead pools” já mencionados, conduzindo a água para pontos de interesse, como as estações de bombeamento, e otimizando o enchimento do reservatório.

Conclusões

Mediante o exposto, fica evidente que o melhor método de disposição de rejeitos é o de Espigotamento, pois:

  • Do ponto de vista operacional, garante a otimização da ocupação e do enchimento do reservatório, uma vez que permite a disposição dos rejeitos em pontos estratégicos, visando ocupar os “dead pools” e evitar o acúmulo de água naqueles locais, além de permitir a condução da água para locais de interesse, como as estações de bombeamento;
  • Do ponto de vista de segurança, permite a formação de praias de rejeitos a partir do maciço, afastando a água daquele local, rebaixando a freática, reduzindo as poropressões e minimizando o risco de elevação das forças de percolação, que poderiam causar surgências no talude de jusante e, em condições mais extremas, a formação de “piping”.
Banner de geotecnia que direciona o leitor ao site da Saff Engenharia

Compartilhe a publicação:

Share on whatsapp
Share on telegram
Share on facebook
Share on linkedin
Share on twitter
Share on email

How can we help you?