O uso de Taboas na fitorremediação de áreas afetadas por rejeitos

Fotografia do cultivo de Taboa em ilha atingida pela onda de rejeitos

Pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) estão propondo uma técnica de fitorremediação para a reabilitação de águas e solos contaminados por desastres ambientais, como o rompimento de barragens de rejeitos.

Fotografia aérea da Barragem do Fundão.
Foto 1: Obras de reconstrução da área da Barragem do Fundão em 2017 (Fonte: BHP)

Em um artigo publicado no Journal of Hazardous Materials, a equipe explica que a Typha domingensis, uma planta popularmente conhecida como Taboa, é eficaz para mitigar o impacto ambiental de rejeitos de minério de ferro e resíduos de níquel, cromo, cobre e chumbo. 

Para chegar a essa conclusão, o grupo realizou trabalho de campo em Regência, no Espírito Santo, na foz do Rio Doce, na divisa com Minas Gerais. A área foi inundada por parte dos rejeitos lançados no meio ambiente quando a Barragem de Fundão, de propriedade da Samarco, se rompeu.

O desastre ocorreu em 5 de novembro de 2015, em Mariana. Foram liberados 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos na Bacia do Rio Doce. Quarenta e uma cidades em Minas Gerais e Espírito Santo foram afetadas e 19 pessoas morreram. Estima-se que os rejeitos contaminaram 240,8 hectares de Mata Atlântica e matou 14 toneladas de peixes. Trata-se do maior desastre ambiental já ocorrido no Brasil.

Na área de estudo, os cientistas da FAPESP analisaram o papel da Taboa (que mede cerca de 2,5 m de altura e tem espigas de flores cor de café), e do Hibiscus tiliaceus, frequentemente chamado de Algodoeiro-da-praia (uma árvore de 4 a 10 m com flores amarelas), na biogeoquímica do ferro e sua potencial atuação na fitorremediação.

“Nosso estudo concluiu que a Taboa foi mais eficiente que o Algodoeiro-da-praia, porque seu sistema radicular tem uma capacidade de acidificação muito maior e também porque acumula mais ferro no caule. Esta é uma descoberta importante para futuras estratégias de fitorremediação”, disse Tiago Osório Ferreira, coautor do artigo, em comunicado à imprensa. “A acumulação de ferro pela Taboa e seu potencial de remediação são boas notícias. Além de acumular mais ferro no caule e ser mais fácil de manusear, também é preferível ao Algodoeiro-da-praia porque cresce mais rápido.”

Eficiência da Taboa

Para se adaptar a um ambiente inundado, uma planta deve oxigenar seu sistema radicular, responsável pela ancoragem e ingestão de água e sais minerais. Ela faz isso capturando o oxigênio da atmosfera por meio de seu caule e transferindo-o para as raízes por meio de um tecido poroso chamado aerênquima. Quando o oxigênio entra em contato com o ferro, ele oxida e forma uma placa de ferro nas raízes, criando uma barreira.

A Taboa tem um grande sistema de raízes e aerênquimas, o que significa que a oxigenação e a placa de ferro formada são significativas. Os pesquisadores mediram 3.874 miligramas de ferro por quilo de matéria seca na planta, 10 vezes mais do que no Algodoeiro-da-praia. 

Diante dessas descobertas, Ferreira e sua equipe continuam trabalhando na área sob a liderança da primeira autora do estudo, Amanda Duim Ferreira, buscando formas de aumentar a produção de Taboa e a quantidade de metal absorvida pela planta.

A estratégia combina o uso de ácidos orgânicos e bactérias redutoras de ferro com práticas agronômicas, como a frequência ideal de colheita, a densidade de plantio e a adubação. O objetivo é reduzir o tempo de fitorremediação.

Fonte: Traduzido de MINING.COM

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